O Papa missionário
O tempo de João Paulo II
16 de outubro de 1978
O cardeal Karol Wojtyla é eleito o 264o. Papa da Igreja Católica, sucessor de João Paulo I, que reinou apenas por um mês, e adota o nome de João Paulo II.
"João Paulo II desloca o centro de gravidade da igreja Católica para o Oriente e para o Sul do mundo". Essa valorização da missão evangélica é nítida nas inúmeras viagens do papa. Ele também dá início a uma forma completamente nova e ousada de relacionamento com a mídia. Antes dele, os papas seguiam o protocolo e não respondiam perguntas de ninguém. João Paulo II inova não só ao permitir perguntas, mas ao respondê-las, e de improviso.
25 de janeiro de 1979
A Primeira viagem pastoral do Santo Padre fora da Itália foi para o México e a República Dominicana. Cinco milhões de pessoas esperavam por ele e outro tanto o acompanhou na visita que ele fez no dia seguinte à "Morenita", a Virgem Morena (ou seja, índia) de Guadalupe, a padroeira da América.
João Paulo II, no México, em 1979, defende a realização da reforma agrária, os direitos dos índios e a liberdade sindical. "Permaneçam fiéis à sua cultura, rica em religiosidade", grita o papa. "A Igreja quer permanecer ao lado das multidões pobres", ele afirma na encíclica Sollicitudo.
2 de junho de 1979
Segunda Viagem Pastoral: Polônia. A contribuição do papa para a queda do comunismo foi decisiva. Na viagem à sua pátria, ele mobiliza multidões e prega a "unidade da Europa cristã". No aeroporto de Cracóvia, lança o desafio: "É preciso ter coragem de caminhar na direção que ninguém trilhou antes. Em nosso tempo, sem coragem não se conseguiria aproximar povos e sistemas nem construir a paz".
30 de junho de 1979
Sétima Visita Pastoral: Brasil. Visitou 13 cidades e percorreu 13.800km. Encontrou detentos no presídio da Papuda, no Rio de Janeiro, multidões de operários em São Paulo e jovens em Belo Horizonte. Visitou favelas no Rio e em Salvador e hansenianos em Belém, no Pará.
13 de maio de 1981
Um jovem turco Mehmet Alì Agca, terrorista profissional, dispara dois tiros que atingem o papa no abdome. João Paulo II, que abençoava os trinta mil turistas e peregrinos que se amontoavam na Praça de São Pedro, segundos antes dos disparos, estava com uma garotinha nos braços, Sara Bártoli. Obedecendo às suas próprias recomendações, é levado para um hospital de Roma, como qualquer um, e suas imagens, mais magro e febril, se espalham pelo mundo. Até então, nenhum papa havia se exposto tanto publicamente. Paulo VI, por exemplo, tinha se operado da próstata sem sair do Vaticano. Com a voz cansada e lenta, ele fala apenas quatro dias depois do atentado: "Oro pelo irmão que me atingiu e a quem perdoei sinceramente. Unido ao Cristo, sacerdote e vítima, ofereço os meus sofrimentos pela Igreja e pelo mundo".
13 de maio de 1982
Um ano depois do atentado e no mesmo dia dedicado a Nossa Senhora de Fátima, João Paulo II visita o Santuário de Fátima em Portugal e consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria.
13 de setembro de 1982
O papa recebe a visita de Yasser Arafat, em um dos inúmeros gestos de aproximação com o mundo não-cristão e, mais especificamente, muçulmano.
27 de dezembro de 1983
O Papa visita Mehmet Ali Agca na prisão. Ficaram juntos e a sós por 20 minutos. Diante dele, o jovem muçulmano se inclinou e chegou quase a se ajoelhar, beijando-o e depois apoiando a testa na mão que lhe foi estendida. O gesto, típico da cultura islâmica, indica respeito e confiança.
O papa gosta de esquiar e inaugura, contrariando aqueles que preferiam vê-lo mais reservado, as viagens de férias nos Alpes, para onde ele vai de 1987 a 1997.
19 de fevereiro de 1985
Recebe o primeiro-ministro de Israel, Simon Peres.
8 de agosto de 1985
27a. Viagem Apostólica para vários países da África. Um outro gesto muito importante de aproximação com o Islã é a famosa "pregação de Casablanca", que o papa fez aos jovens muçulmanos. Foi a primeira grande manifestação em favor do diálogo com as religiões não-cristãs.
17 de novembro de 1985
Mensagem de João Paulo II para Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev por ocasião da reunião de líderes de Geneva, na Suíça.
"Mais importantes serão as intervenções (do Papa) nas guerras do Líbano, do Golfo e da Bósnia. E especialmente sobre a Guerra do Golfo Pérsico (janeiro-fevereiro de 1991), quando João Paulo manifestou sua oposição radical à intervenção armada no Golfo contra o Iraque, decidida pela ONU e liderada pelos Estados Unidos. Seu gesto mostrou para o Islã que a Igreja Católica não se identificava mais com os interesses, a cultura e as guerras do Ocidente".
27 de outubro de 1986
Primeiro dos vários encontros inter-religiosos na cidade italiana de Assise, onde nasceu e viveu São Francisco de Assis, que é o patrono da Itália. O mundo nunca tinha visto um encontro como aquele. O papa e vários cardeais e bispos representavam a igreja Católica; o Patriarca de Constantinopla, o Patriarca Grego de Antioquia e o da igreja Ortodoxa Russa estavam lá, junto com os representantes das igrejas orientais, armênias, assírias e cooptas. Compareceram representantes das várias denominações cristãs e das comunidades judaicas. O Dalai-Lama e membros das tradições budistas do Japão, da Tailândia, da Coréia também estiveram presentes, além do neto do Mahatma Gandhi, falando pelo hinduísmo. Muçulmanos e representantes das religiões africanas e ameríndias estavam juntos. Ao todo, foram 160 convidados especiais que celebraram um rito ecumênico ao ar livre.
Durante esse primeiro encontro de oração em favor da paz, João Paulo II fez outro de seus discursos corajosos e admitiu que"... a paz é portadora do nome de Cristo... mas os católicos nem sempre foram fiéis a essa afirmação de fé. Não temos sido sempre construtores da paz. Portanto, para nós e - talvez - para todos, este encontro de Assis seja um ato de penitência."
3 de dezembro de 1987
Encontro de declaração conjunta com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Sua Santidade Dimitrios.
1 de janeiro de 1992
A Santa Sé reconhece a Federação Russa e estabelece relações diplomáticas com os vários novos países, como a Croácia, a Eslovênia, a Albânia e a Ucrânia, por exemplo.
9 de janeiro de 1993
Novo encontro pela paz em Assis e preces especiais pelos Bálcãs em guerra.
10 de fevereiro de 1993
Visita apostólica a Cartum, capital do Sudão, talvez a viagem mais perigosa de todas, porque o Sudão tinha aderido à Saharia, a lei islâmica. O papa faz várias advertências aos países muçulmanos que usam a violência em nome da religião, como o Islã e a Tunísia, por exemplo. "Usar a religião como pretexto para a injustiça e a violência é um abuso terrível e deve ser condenado por todos aqueles que crêem verdadeiramente em Deus".
30 de dezembro de 1993
O papa assina, em Jerusalém, alguns princípios para orientar as relações entre a Santa-Sé e o Estado de Israel.
20 de outubro de 1994
Publicação do livro No limiar da Esperança
25 de outubro de 1994
Início de contatos permanentes entre a Santa Sé e a Organização Pela Libertação da Palestina (OLP).
16 de maio de 1995
Famosa declaração de culpa pelo fato de os cristãos não terem sabido se opor à loucura da Segunda Guerra Mundial.
29 de junho de 1995
Carta às mulheres, publicada em 10 de julho. A frase "Obrigado a você, mulher, pelo simples fato de ser mulher" que está na Carta, é um gesto de amor, e João Paulo fez vários gestos pregando a igualdade entre homens e mulheres. Mas, até hoje, não houve nenhuma reforma para aumentar ou para abrir novos campos à participação feminina.
19 de novembro de 1996
João Paulo II recebe o presidente da República de Cuba, Fidel Castro
14 de fevereiro de 1997
Recebe o presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso.
21 de agosto de 1997
79a. Visita Apostólica a Paris, para a 12a. Jornada Mundial da Juventude. O papa senta e conversa com os jovens e incentiva esses movimentos. A jornada na capital francesa surpreende e reúne 1 milhão e 200 mil jovens!
"Cristo é sempre jovem!", avisa o papa. "Nunca deixem de proclamar e de cantar a paz", ele pede." Temos necessidade da alegria de viver demonstrada pelos jovens. Nela está algum reflexo da alegria primeira que Deus teve ao criar o homem". Essas estão, talvez, entre as mais belas palavras de João Paulo II, segundo Luigi Accattoli, autor do livro Karol Wojtyla, o homem do final do milênio.
2 de outubro de 1997
Viagem apostólica ao Rio de Janeiro, Brasil.
3 de janeiro de 1998
Visita do papa às vítimas do terremoto na região da Úmbria, na Itália.
31 de janeiro de 1998
Visita apostólica à Cuba.
18 de junho de 1998
O papa recebe a visita do presidente da República Sul-Africana, Nelson Mandela
24 de dezembro de 1999
Início do Grande Jubileu do Ano 2000, abertura das Portas Sagradas na Basílica de São Pedro. Durante esse ano, o papa vai realizar o sonho de fazer peregrinações aos lugares relacionados à história da Salvação (os lugares por onde Jesus e os apóstolos passaram).
24 de fevereiro de 2000
Peregrinação do Jubileu para o Monte Sinai, onde Moisés recebeu de Deus as Tábuas da Lei.
12 de março de 2000
Dia do Perdão do Ano Santo de 2000.
20 de março de 2000
Peregrinação à Terra Santa
13 de maio de 2000
Visita apostólica à Fátima e divulgação da terceira parte do segredo de Fátima, relacionado ao atentado sofrido pelo Papa, anos antes.
13 de junho de 2000
O papa agradece ao presidente da Itália por ter beneficiado Ali Agca, o autor do atentado contra sua vida, com a clemência pública.
15 de agosto de 2000
Mais de 2 milhões de jovens se reúnem em Roma para celebrar a 15a. Jornada Mundial da Juventude junto com o papa.
11 de março de 2001
Peregrinação à Grécia, Síria e Malta, seguindo os passos de São Paulo, o apóstolo.
23 de junho de 2001
Visita apostólica à Ucrânia.
22 de setembro de 2001
Visita apostólica ao Kasaquistão e à Armênia. Sua Santidade João Paulo II e sua Santidade Kerekin II, patriarca de todas as igrejas católicas armênias, fazem um comunicado conjunto "Aqui, na Santa Etchmiadzin, nós renovamos nosso compromisso na oração e no trabalho conjunto para apressar o dia da comunhão entre todos os membros do rebanho de Cristo, com verdadeiro respeito por nossas respectivas tradições sagradas".
Uma biografia completa do Papa João Paulo II você vai encontrar no site do Vaticano - www.vatican.va . O que você leu aqui está longe de esgotar todo o seu longo pontificado. Nós apenas tentamos selecionar alguns momentos que, em função do depoimento do Padre Julio Munaro, para o Árvore da Vida, e das informações do belo livro sobre Karol Wojtyla, do italiano Luigi Accattoli, publicado pelas Edições Paulinas, nos pareceram expressivos dos pensamentos e dos ideais que marcaram o tempo de João Paulo II, o papa do milênio.